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Pegar ou largar: 3 aprendizados da quarentena

Quarentena? São 4 meses e não 40 dias! Tivemos bastante tempo de confinamento (e ainda teremos mais) para aprender com a adversidade. Em uma entrevista para 👉 BBC Brasil News, a pesquisadora e professora de psicologia da saúde na Universidade de Vrije (Bruxelas) e especialista em estresse e trauma, Elke Van Hoof afirmou que o confinamento exigido para controlar a disseminação do Coronavirus é “o maior experimento psicológico da história“.

Mas, antes de falar mais sobre os achados da Elke e os pontos preocupantes que devemos nos atentar, principalmente depois que tudo isso acabar, gostaria de compartilhar com vocês algumas reflexões acerca das lições positivas que essa nova realidade nos obrigou a aprender ou, ao menos, aperfeiçoar.

Para isso, destaquei 3 aprendizados decorrentes do modo de vida exigido na quarentena. Dividi em “Pegar“, me remetendo aos novos comportamentos que precisam se tornar hábitos e “largar“, como sendo as atitudes antigas que não cabem mais no nosso cotidiano e devem ser deixadas para trás.

Vamos lá?

🌺Aprendizado n°1🌺

Pegar: telefonar mais e fazer videochamadas

Largar: mandar menos mensagens de texto

Para a proteção da saúde nesse período, devemos evitar o contato presencial e não o contato social. Por isso, não economize as palavras de afeto ditas verbalmente, usando o áudio ou vídeo do celular. Vamos deixar um pouco de lado a escrita fria e resumida das mensagens e nos aproximarmos (mesmo que virtualmente) das pessoas.

Os movimentos faciais 🤪que usamos para expressar uma emoção podem nos influenciar (e influenciar as pessoas) positiva ou negativamente 😃😢. Por exemplo, quando sorrimos movemos certos músculos do rosto, acionando mecanismos fisiológicos e neuronais associados à alegria, interpretados pelo cérebro como uma experiência emocional positiva. E isso vale tanto para o movimento dos músculos faciais quanto para os músculos de todo o corpo. Falei sobre um autor que estuda a fundo as emoções neste 👉 POST e que segue a mesma linha da teoria psicológica de 👉 “Feedback Facial“, a qual eu me refiro aqui.

Identificamos intuitivamente detalhes sutis nas expressões do interlocutor, que nos fazem compreender, em segundos, determinadas emoções. Frases como, “Ele sorriu com os olhos” ou “Pela entonação da voz eu sabia que ela estava feliz” são amostras dessas interações cotidianas. Além do mais, quando temos a devolutiva da(s) pessoa(s) que interagimos nos beneficiamos em dose dupla! Pois “o amor é contagioso” (lembra desse 👉 filme?).

🌷Aprendizado n°2🌷

Pegar: usar chinelos ou calçados confortáveis exclusivos para os ambientes internos da casa.

Largar: entrar em casa com os sapatos que chegam da rua.

Outro hábito adquirido, resultante das exigências do momento, foi o de deixar os sapatos do lado de fora da casa ou num espaço específicos para eles, próximo da porta de entrada. Antes do COVID19 havíamos feito tentativas em casa para aderir ao costume, comum para o pessoal do Japão e também de alguns países europeus, mas não tivemos êxito. Talvez naqueles países seja mais conveniente devido às condições climáticas (por ex. para não molhar os ambientes internos com a neve) ou por questões religiosas (por ex. o lar representa um espaço de pureza e em templos só se entra descalço).

Por outro lado, em terras tupiniquins o costume ajudaria bastante ao manter a casa limpa e livre da areia encrustada nos sapatos dos moradores das cidades praianas. Manter esse hábito reduziria, consideravelmente, o tempo e o esforço gasto para a manutenção da limpeza da casa. Para quem mora com alérgicos, essas providências poderiam diminuir a necessidade dos medicamentos usados para controlar as crises por ácaro, poeira, pólen ou outro tipo de alergênico trazido da rua. Ainda bem que o capacho retém uma porcentagem dos germes da sola dos calçados, mas são mais alguns “tapetinhos” encardidos para você esfregar no dia da faxina! Talvez escolher um tapete feito de material fácil de lavar diariamente minimize o trabalho adicional. Contudo, não precisa virar a neurótica da limpeza!

E como eu posso falar para a visita (depois que acabar a pandemia, é claro!) tirar os sapatos sem ser indelicada? Bem, há pequenos móveis, ou aparatos que podemos deixar estrategicamente na porta de entrada da casa e dar o exemplo, tirando o nosso próprio calçado, ao entrar. Veja abaixo 👇 algumas ideias que eu encontrei para decorar o seu “Hall de entrada” com muito charme e praticidade.

Há opções para todos os gostos e bolsos, por isso, selecionei algumas sapateiras que você mesma pode fazer.

  • Com pallets e tecido 👇
  • Com madeira e Sisal👇
  • Com madeira e elástico👇

🌻Aprendizado n°3🌻

Pegar: Divisão de tarefas domésticas com todos os membros da família conforme a capacidade e a idade.

Largar: Tarefas domésticas exclusivamente femininas e/ou divisão de tarefas por gênero.

A divisão de tarefas domésticas em períodos de Home Office tornou-se um “combinado” aceitável em muitas famílias, uma vez que agora não há para onde se esconder e fugir dessa responsabilidade. A linha imaginária que separava as funções inerentemente femininas das funções propriamente masculinas passou a ser enxergada à olho nu. Escancaradas as discrepâncias e desigualdades entre os gêneros na execução das tarefas no seio do lar, com a presença de tantas câmeras e com maior exposição da vida pessoal, ficou difícil sustentar a imagem de pessoa politicamente correta e livre desses preconceitos.

Em casa, já adotávamos a dinâmica de divisão de tarefas domésticas sem o critério “serviço de homem e serviço de mulher“, levando em consideração a capacidade e habilidade de cada membro da família em executá-las, bem como quanto aos devidos cuidados e restrições, conforme a idade. Sim, as crianças também têm as suas obrigações em casa. Uma vez que na quarentena o volume de atividades tenha aumentado, a quantidade de atividade de cada morador também aumentou. Vez ou outra revezamos as tarefas, mas em suma, temos uma listinha semanal pregada na geladeira com a descrição das atividades para ninguém se esquecer.

Você poderia me perguntar 🤔:

1) “Pri, meu marido não sabe cozinhar! Tadinho dele, ficou o dia todo trabalhando

2) “Minha filha tem 5 anos, é muito pequena e não precisa participar

3) “Meu filho não arruma nem cama, como vai pegar em vassoura e rodo para limpar a casa?“.

Minha gente, a resposta para a 1ª pergunta será com outra pergunta: E você, ficou o dia todo fazendo o quê? Estava à toa? Trabalhou o dia todo também, “não é minha filha?” sem contar os seus outros trabalhos (que talvez já fossem feitos em Home Office) que contribuem tanto com o equilíbrio do lar quanto com a renda mensal da família (por exemplo, acompanhar as crianças na tarefa escolar, a elaboração e venda de um trabalho manual ou bolos, a aula de reforço de matemática online; aquela barra de calça do uniforme do seu filho ou da saia que a vizinha encomendou). Meu marido, que tem a mesma profissão que a minha e as mesmas exigências de trabalho, também faz tarefas em casa, e muito bem por sinal, dividindo o trabalho doméstico comigo e com os nossos filhos.

Quanto a 2ª pergunta, respondo com uma tabela baseada no método Montessori. Maria Montessori foi uma educadora italiana que propôs um método de ensino no início do século XX, que dá liberdade ao processo de aprendizado, porém com maior responsabilidade dada ao educando. De acordo com essa tabela, sua filha (ou filho) de 5 anos poderia regar plantas, guardar os brinquedos e as próprias roupas. Minha filha tem 9 anos e sabe por e tirar a mesa, dar comida para as cachorras, arrumar a própria cama e tirar os lençóis de todas as camas para colocar no cesto de roupas sujas (faz isso 1 vez/semana). Além de contribuir em casa, a criança ganha autonomia e habilidades físicas sobrando bastante tempo para estudar e brincar.

Tabela baseada no método Montessori do Instituto MRV

Na verdade, para a 3ª pergunta a resposta é: Não tem desculpa! Pessoal, tem muito marmanjo por aí que não sabe amarrar o cadarço do tênis! O que adianta ser um “As” da tecnologia digital (smartphone, TV , notebook e videogame 🎮) e não saber usar a tecnologia elementar como a máquina de lavar roupas, o liquidificador ou o forno à gás 🧹🎛️. Meu menino recolhe as sujeiras das cachorras e lava o quintal, além disso ele sabe fazer arroz, fritar ovos, aprendeu a fazer pão na nossa panificadora elétrica (falei da máquina de pão neste 👉 POST) e muitas “coisitas” mais. Ele reclama, mas faz!

Por isso, não perca mais tempo. Se ainda não sabe fazer, aprenda! Se o membro da família não sabe fazer, ensine! Depois, estabeleçam juntos um cronograma de atividades da família. No início, toda mudança de hábito é difícil, pois os hábitos negativos ficam arraigados e são diariamente reforçados pela nossa cultura ou pela tradição da sociedade em que vivemos. Com um pouco de esforço de cada um, tudo vai se tornando igualitário e o trabalho vai sendo, paulatinamente, diluído.

Pausa para a música! 🎼

Convido-lhe a apreciar uma verdadeira poesia transformada em canção na voz de Almir Sater. Aproveite a música “Tocando em frente” e sinta a profundidade ❤️dessa letra 👇.

Voltando para o nosso assunto, agora, chamarei a atenção para os pontos importantes indicados pela Elke (aquela pesquisadora que falei no início do texto) durante a entrevista para a BBC. Na opinião dela:

  • Não foi dada a devida importância para a saúde mental da população durante a pré-pandemia;
  • Ainda não se sabe quais serão as reações tardias (3 a 6 meses depois do final da pandemia) resultantes do período de isolamento;
  • Não há informações suficientes para saber sobre as possíveis consequências da doença;
  • Embora estejamos observando florescer sentimentos de solidariedade nas pessoas em diferentes tipos de situações, também estamos acompanhando o aumento das estatísticas de violência doméstica.

Além disso, a pesquisadora indica a busca de auxílio profissional frente à alguns sinais de alerta tais como, aumento da ansiedade, sensação de pressão no peito, falta de ar, sono não reparador, irritabilidade e estar mais emotivo. Se você parou de “funcionar abruptamente apresentando esses sinais e sintomas, é hora de procurar ajuda. E aconselha:

“Nunca é tarde demais para agir”

Não sabe por onde começar? Comece por você! Comece por sua casa!

O que acha? É pegar ou largar!!!

#ficadica

🎧Audioblog🎧

Audioblog: Pegar ou largar: 3 aprendizados da quarentena. 19/07/2020.

Por hoje, ficamos por aqui. Mas, apareça quando quiser! Semana que vem tem mais no blog Cresce e Aparece! Se gostou do post, compartilhe com as amigas.

Beijos e até breve.

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