Publicado em Mulher de meia-idade, Utilidade Pública

O preço de ser mulher

No texto de hoje apontarei alguns “detalhes” do cotidiano das mulheres que, apesar de passarem muitas vezes despercebidos, custam muito caro para as contas femininas. Embora as diferenças pareçam à princípio, aleatórias, o alto preço pago por nós mulheres por diversos produtos e serviços são abusivos e sem cabimento.

Você já percebeu haver alguns produtos vendidos no mercado com valor diferenciado apenas por serem direcionados para o público feminino?

Experimente comprar uma lâmina de barbear simples com a cor rosa! O preço vai ser “mais salgado” somente por a cor ser culturalmente ligada ao sexo feminino. Essa prática abusiva tem nome, foi batizada de “Pink Tax” (ou “Taxa Rosa” em Inglês).

Com a leitura do artigo👉 “Imposto de renda x desigualdade de gênero: porque as mulheres pagam mais?” eu descobri que a tributação do consumo do Brasil discrimina as mulheres que pagam mais impostos por produtos considerados essenciais para elas. A alíquota para os absorventes é de 27,5%! Outros produtos de higiene como shampoo e condicionador, sabonetes e desodorantes são 48%, 6% e 3% mais caros, respectivamente, do que aqueles destinados aos homens.

O imposto para 👉bijuterias é de 12% e o imposto para maquiagens está no ranking dos mais 10 produtos mais taxados do Brasil. Sabe aquele seu batonzinho 💄do dia a dia? Então, 69,13% do seu valor total é de tributo! A 👉maquiagem está classificada em 8º lugar numa lista onde aparecem também cigarro e cachaça (que, no caso, eu concordo ter taxas altas para inibir o consumo excessivo e prejudicial).

Quando eu me casei, comprar um vestido não estava em meus planos pelo preço caríssimo da vestimenta, independentemente do modelito a ser escolhido. Decidi montar meu vestido de noiva unindo um corpete branco (que eu já tinha) com uma saia Godê alugada. Seguindo o conselho de uma revista especializada em organização de casamentos, cheguei no guichê da loja dizendo “Quero alugar essa saia para ir a uma festa” e nem mencionei que ela faria parte do figurino mais esperado do casório. Eu tive que omitir a informação porque teria que desembolsar um valor bem mais alto somente por ser parte do “vestido da noiva“.

O mesmo cálculo ocorre quando você busca a floricultura para comprar enfeites para o espaço da recepção, ou local da cerimônia, mesmo que seja para um evento íntimo com a família mais próxima. O Buquê de flores naturais, custa “o olho da cara“!😲

Os brinquedos direcionados para as meninas também são mais caros (leia uma reportagem sobre o assunto👉 AQUI). Além disso, muitos brinquedos tradicionalmente fabricados para meninos, muitos deles mais interessantes e divertidos do que as corriqueiras bonecas com roupas rosas cheias de gliter, não são facilmente encontrados na versão feminina.

Vou te contar uma situação que ocorreu comigo. Todo natal pego umas “Cartinhas para o Papai Noel” na agência dos Correios para presentear crianças carentes. Certa vez, em uma delas, o pedido de uma garotinha era ganhar um “Carrinho de controle remoto de princesa”. Acreditei ser fácil encontrar, rodei a cidade, procurei em sites de lojas de brinquedo e nada! Só haviam os carrinhos, jipes e as caminhonetes sem nenhum adorno. No final das contas, comprei um carrinho azul, adesivos da Frozen, grudei a Elza e a Ana nas laterais do pequeno veículo, uns flocos de neve brilhantes no controle e fiz nascer um carrinho de princesas. Embalei de volta e segui satisfeita com a sensação de missão cumprida de fazer a alegria de uma criança💖. Atualmente encontramos mais variedades, porém os preços das versões femininas ainda superam as demais.

Respira fundo que tem mais! 😨Mas antes, uma pausa para a dica de música do post.

#Dica de Música do Blog🎼

Eu conheci a música indicada para o post de novembro no início deste semestre quando sugeri que cada um dos meus alunos fizesse a escolha de uma canção para compilarmos em uma playlist da disciplina. Entre estilos diversos, conheci “Dancing in The Moonlight” interpretada pelo banda “Toploader“. Em ritmo dançante, a letra enaltece a lua, o acolhimento e o estar à vontade para desfrutar a companhias de amigos. Escuta só!👇

Voltando ao nosso assunto, no quesito alimentação, poderíamos receber algum desconto na conta, conforme as características de consumo. Eu ainda não tive a oportunidade de conhecer uma pizzaria 🍕ou churrascaria🍖 que cobrasse um valor proporcional ao consumo nos rodízios. Frequentemente, o valor cobrado é único, podendo haver distinções para adultos e crianças (que pagam metade). Salvo as exceções, o que observamos na maior parte das vezes são mulheres comendo pouco, homens comendo muito e ambos pagando o mesmo preço. Mais uma vez, o prejuízo fica conosco.

Nesse sentido, há outra prática que considero ainda pior. Muitas danceterias e casas de shows que oferecem entrada gratuita para as mulheres enquanto aos homens são cobrados os ingressos. Qual é o problema, Pri? Seria uma vantagem, certo? Não, essa diferenciação faz com que continuemos pagando o preço de ser “Chamariz” para a entrada de “Machos” pagantes no recinto. Discriminatório, para não dizer abusivo.

Outro exemplo é o preço do corte de cabelo nos salões. O feminino é sempre mais caro, mesmo que o seu corte preferido seja idêntico ao corte masculino curtinho. Gostaria de saber se os moços de cabelo comprido pagam um preço mais caro para aparar as madeixas.

Para você compreender outras nuances de tais diferenças de valor impostas pela sociedade em que vivemos, no Valeu a Dica de hoje vou recomendar uma série para você acompanhar, lançada no mês de outubro que está imperdível.

#ValeuaDica 😉

Se você ainda não assistiu, assista a mini-série Maid da Netflix. São 10 episódios baseados no livro autobiográfico que conta a👉 história real de Stephanie Land, de 43 anos. A história refere-se às dificuldades vividas por uma mãe que luta para criar a sua filha sozinha em meio a pobreza, as relações familiares tóxicas, bem como das situações constrangedoras e a burocracia da assistência social que exige o preenchimento de intermináveis formulários como prova de sua precária condição em momentos de pura vulnerabilidade.

Trouxe essa dica para o post de hoje para abrir os olhos de muita gente que não conhece ou não entende o que significa violência psicológica contra a mulher.

Dentre as várias cenas relevantes da série, atente-se a uma delas onde a protagonista (Alex) conversa com o marido dizendo para ele cuidar da filha enquanto ela comparece à entrevista agendada de emprego que seria uma oportunidade determinante para a sua vida naquele momento. Ele, mesmo dedicando-se a um trabalho flexível que não se prejudicaria com esse ajuste de algumas horas para se dedicar aos cuidados com a filha, justifica sua negativa machista alegando ser o seu emprego mais importante que o dela. Alex, então, se vê mais uma vez tendo que resolver sozinha um problema que deveria ser dividido entre o casal. Um retrato da realidade vivida por muitas mães que pagam o preço com esgotamento mental e físico, perda de oportunidade de trabalho, de estudo, enfim, de saúde. Assista o trailer oficial da mini-série clicando abaixo👇. Garanto que você vai se surpreender com essa produção impecável.

As mulheres também pagam o preço de assumir dupla jornada de trabalho e ter que se comportar discretamente a respeito dos seus afazeres que se fundem durante o correr do dia para não serem motivos de chacota de seus colegas.

Um exemplo que ilustra a afirmativa acima está descrito no capítulo “No Escritório” do livro👉 Alô, Chics!” da especialista em etiqueta contemporânea Glória Kalil. Para comprar esse livro e outros itens no site Submarino com desconto de 30% clique👉 AQUI e use o nosso cupom 30PRAVC (oferta válida até 30/11/2021).

Durante um almoço da empresa que a autora foi convidada ouviu o relato de mulheres pertencentes à equipe, na faixa dos 25 e 35 de idade, de que elas não atendem telefonemas se algum colega homem estiver por perto para evitar olhares de reprovação por perderem tempo com “bobagens” (tais como a ligação da escola avisando sobre uma situação com o filho!). Contaram, inclusive, que se reclamam de dor de cabeça são correspondidas com intolerância, enquanto se um homem se queixa da mesma dor por um “porre” no dia anterior, é tratado com toda solidariedade. E pasme, ainda chamam uma delas para servir um chá para ele, mesmo que ambos ocupem posições iguais na hierarquia da empresa. Na opinião da autora, essa atitude deselegante denota desrespeito e falta de civilidade. Você já passou por isso pagando o preço de ser mulher?

Se isso não bastasse, as mulheres tendem a ganhar menos do que os homens para desempenhar as mesmas atividades laborais. Segundo a👉 análise dos dados dos Censos do IBGE do período de 1970 a 2010 (como você deve saber, o Censo de 2020 foi adiado pelo governo atual por falta de verbas), embora a participação feminina tenha crescido no mercado de trabalho ao longo dos anos, a evolução na carreira é mais dificultosa para elas. No início da carreira, os salários são equivalentes, mas, considerando os profissionais com nível superior, as garotas de 20 a 29 anos ganham 11% a menos do que os rapazes. As mulheres de meia-idade (com mais de 45 anos) ganham 38% menos do que os homens da mesma faixa de idade e nível instrucional. Contudo, parece que essa diferença vêm se reduzindo (já foi bem pior!). Aguardemos o próximo censo demográfico…

Enquanto isso, compartilhe este post com as amigas e com as mulheres da sua família. Contribua disseminando informações para incentivar a tomada de consciências de cada um dos pontos abordados para que os nossos direitos sejam reivindicados; para que soluções sejam propostas para mudar comportamentos machistas que nos prejudicam financeiramente e em outros aspectos da nossa vida; para favorecer o consumo de produtos e serviços com preços justos prezando pela equidade.

Porquê, caso contrário, continuaremos ganhando menos e pagando mais.

Força menina! 💪🏻Te espero no próximo post.

Grande beijo 💋e até breve.

#vicejarsempre

#boniteza

#todaidadeimporta

#nãoataxarosa

Curta o post AQUI👇

#vicejarsempre

#senhoradesi

🎧Audioblog🎧

Audioblog: O preço de ser mulher. 14/11/2021

Autor:

Doutora em Enfermagem, Mestre em Ciências da Motricidade, Professora universitária há mais de 20 anos e estudante de Psicologia. Compartilho minhas curiosidades da meia-idade, escrevendo sobre saúde, aprendizagem e hábitos, considerando minha experiência como mulher, mãe ou outros "eus" que me tornarei.

4 comentários em “O preço de ser mulher

  1. Q legal sua chamada de atenção para esses adpectos fiscais q tbm discriminam a mulher! É preciso q tenhamos consciência, mesmo!!!
    Adorei, Priscila.
    Saudades…

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  2. Q legal sua chamada de atenção para esses adpectos fiscais q tbm discriminam a mulher! É preciso q tenhamos consciência, mesmo!!!
    Adorei, Priscila.
    Saudades…

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